História
de Salir do Porto
Embora hoje Salir do Porto seja apenas
uma aldeia sem relativa importância a nível nacional, em tempos remotos foi uma
vila sede de concelho, cujo porto marítimo era uma das principais fontes de
abastecimento da região.
Salir do Porto é uma terra muito antiga, anterior à própria nacionalidade, ficando a pouca distância da antiga cidade lusitana. Começou por ser conhecida por Salir da Foz, não se conhecendo, no entanto, como lhe chamariam os povos primitivos, por falta de documentação.
O seu nome toponímico “Salir”, além de significar “saimento”
significa também em Português arcaico, “morrer”. E, de facto, ainda hoje,
“morrem” as ribeiras de Alfeizerão e de Tornada, que se juntam para formar o
Rio Salir. Teve foral antigo, segundo alguns autores dado por D. Afonso
Henriques, que conquistou Alfeizerão ao emir Aben-Hassan o qual pereceu na luta
com a sua filha Zaira, ou segundo outros pelo seu filho D. Sancho I.
D. Manuel I, o monarca Venturoso, concedeu-lhe foral novo
datado em Lisboa a 10 de Março de 1515. O Numerando de 1527, ordenado por D.
João II uma espécie de recenseamento populacional de todas as paróquias do
País, embora ainda sem o necessário rigor, refere que pertencia à Casa da Rainha
e estava incluída no termo de Óbidos.
Antes do desenvolvimento de S. Martinho do porto, Salir foi a
povoação mais importante da região sucedendo-se a Alfeizerão, onde existia um
porto de mar muito acessível, no qual se podiam abrigar oitenta navios no
reinado de D. Manuel I, mas o assoreamento ocorrido em finais do século XVI
inutilizou o porto de Alfeizerão.
D. Dinis faz uma doação à sua mulher, a Rainha D. Isabel, concedendo-lhe “plenos direitos” das coisas que a esse porto pertencia: “salgo, panos de cor, armas, ouro e prata, pimenta, açafrão, ferro, aço, chumbo, estanho e cobre.” Desde então, a Vila de Salir jamais deixou de fazer parte da Casa da Rainha.
As ruínas que estão situadas nos limites da praia são um
valioso testemunho do importante passado histórico que Salir viveu.
A alfândega servia todo o concelho, reparando e construindo barcos, com madeiras provenientes do Pinhal de Leiria. Rezam as lendas, que aqui terão sido construídos alguns barcos que participaram na Campanha das Índias de Vasco da Gama, nomeadamente a Nau São Gabriel.
Em finais do século XVIII, o concelho de Salir foi prontamente extinto, passando a ser um curato de apresentação do prior de S. Pedro, da vila de Óbidos. Em 1839 pertencia a este concelho e em 1840 passou para o de S. Martinho do Porto até à extinção deste em 24 de Outubro de 1855 quando passou para as Caldas da Rainha, onde ainda se mantém.
Em 2013, no âmbito de uma reforma administrativa nacional, foi agregada à freguesia de Salir do Porto, para formar uma nova freguesia denominada União das Freguesias de Tornada e Salir do Porto da qual é a sede.
Situada a 5 km a norte da sede do concelho, é limitada a norte pelas freguesias de Alfeizerão (concelho de Alcobaça) e Salir do Porto, a sul por Nossa Senhora do Pópulo e Santo Onofre, a leste por Salir de Matos e Coto, e a oeste por Serra do Bouro.
Situada em terrenos planos e férteis, é atravessada pelo rio de Tornada, que desagua no Oceano Atlântico, na baía de São Martinho do Porto.
A localidade de Tornada inclui os aglomerados populacionais de Tornada, Campo, Chão da Parada, Reguengo da Parada, Casais dos Morgados, Mouraria, Casais do Rio do Peixe e Casais do Vau.
Os pontos de interesse da localidade incluem a Igreja Matriz do século XVI e o Paul de Tornada.
O local era habitado quando da Invasão romana da península Ibérica, situado na via que ligava Coimbra a Torres Vedras. Na Idade Média, tinha o nome de Cornaga, pertencendo ao termo de Óbidos, próxima do limite deste com os coutos de Alcobaça.
Com a fundação do Hospital de Nossa Senhora do Pópulo pela Rainha D. Leonor, esposa de João II de Portugal, Tornada iniciaria o processo de aproximação a Caldas da Rainha. D. Leonor deixaria em testamento ao hospital as rendas de terras situadas em Tornada de que era possuidora, entre as quais o então designado Paul da Boa Vista do Extremo. A expansão territorial dos coutos de Alcobaça para sul seria travada em Tornada, por sentença dada por D. Leonor em 1490.
Existia nesta época uma cultura florescente de linho para fins artesanais, comércio de cereais e vinha, extracção de sal e madeira, além da construção naval. A produção era escoada pelo porto fluvial de Tornada.
Com a reforma administrativa do século XIX, a freguesia de Tornada passou a integrar o concelho de Caldas da Rainha (1835). A proximidade da sede do concelho e a passagem pela povoação da estrada que liga Caldas da Rainha a Alcobaça, Nazaré, Leiria e ao norte de Portugal, e mais tarde da auto-estrada do Oeste (A8), originaram um significativo crescimento populacional e económico. Por esse motivo, é por vezes incluída, no todo ou em parte, na área urbana de Caldas da Rainha.
População da freguesia de Tornada | ||||||||||||||
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1864 | 1878 | 1890 | 1900 | 1911 | 1920 | 1930 | 1940 | 1950 | 1960 | 1970 | 1981 | 1991 | 2001 | 2011 |
1 128 | 1 285 | 1 316 | 1 565 | 1 791 | 1 706 | 1 986 | 2 276 | 2 328 | 2 417 | 2 046 | 2 750 | 2 595 | 3 150 | 3 561 |
Fonte: Instituto Nacional de Estatística (Recenseamentos Gerais da População)
O local era habitado quando da Invasão romana da península Ibérica, situado na via que ligava Coimbra a Torres Vedras. Na Idade Média, tinha o nome de Cornaga, pertencendo ao termo de Óbidos, próxima do limite deste com os coutos de Alcobaça.
Em meados do século XVI, Leonor de Avis, Rainha de Portugal deixou em testamento ao hospital termal que fundou, as rendas de terras de que era possuidora situadas em Tornada, entre as quais o então designado Paul da Boa Vista do Extremo.
Já no início do século XX, de acordo com antigos moradores da região, a área do paul integrava uma vasta propriedade rural que, entre diversas culturas extensivas, aproveitava a área alagada para o plantio de arroz, chegando a empregar a mão-de-obra de mais de meio milhar de trabalhadores, nomeadamente mulheres, vindas de todo o país. O tamanho e importância da propriedade agrícola podem ainda hoje ser avaliadas pelas edificações e pela antiga eira, bem preservada.
O paul constitui-se numa área de terrenos planos e baixos, com cerca de 45 hectares, 25 dos quais permanentemente alagados. Essas características permitem incluí-lo na designação de “Zona Húmida”, de acordo com a Convenção sobre as Zonas Húmidas de Importância Internacional (Convenção de Ramsar). É dotado de flora e fauna de considerável importância, sobretudo no que diz respeito às aves.
É local de desova e crescimento de muitos peixes e anfíbios bem como local de alimentação para diversas espécies, com destaque para as aves migratórias. Nele já foram recenseadas 122 espécies de vertebrados, das quais 66 estão protegidas pela Convenção sobre a Vida Selvagem e os Habitats Naturais na Europa (Convenção de Berna). Dessas, 15 são espécies ameaçadas que constam no Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal, como por exemplo a lontra (“Lutra lutra”) e o cágado-de-carapaça-estriada (“Emys orbicularis”).
Conta a Lenda que, a Rainha D. Leonor vinha do seu castelo de Óbidos e ia para a Batalha encontrar-se com D. João II, seu marido. Passou por Caldas que nesse tempo, se chamava Caldas de Óbidos e viu umas pessoas que tomavam banho numas poças de água que “cheiravam mal”.
As pessoas disseram que aquela água era milagrosa, porque curava. A Rainha, como tinha um problema de pele, tomou banho nela. Depois de tomar banho, seguiu o seu caminho.
No fim de percorrer alguns quilómetros, parou e achou que se sentia melhor. Uma das suas aias disse para ela TORNAR, voltar para trás, ao sítio onde tinha estado antes, para se banhar outra vez.
Ao local onde ela tornou ficou a chamar-se TORNADA. Ali se mandou colocar uma coroa real.
Antigamente, Tornada Chamava-se Cornaga. O documento mais antigo que refere Cornaga é de 1222 e fala de “D, Zoudo proprietário do Paul da Cornaga…”. Mais tarde, em livros e documentos da Rainha D. Leonor, aparece o “Paul da Cornaga e Aldeia da Cornaga”.
Nos censos de 1527, mandado por D. João III é nomeada a Aldeia de Cornaga. Mais tarde, não sabemos como, Cornaga mudou para Tornada. A palavra Cornaga significa “corno de água” ou “braço de água”. Nesse tempo, a água do mar chegava ao Paul.